segunda-feira, 11 de maio de 2009

Até que a morte nos separe...

Por Shara Kelly Santos

"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?”

Sempre quando vejo cenas ou presencio cerimônias de casamentos, ficava intrigada com a frase: “Até que a morte nos separe”. No momento, talvez, não entendia a junção de duas coisas antagônicas como amor e morte, mas, ao longo do tempo essa frase foi fazendo sentido diferente pra mim a cada etapa da minha vida.

O casamento é um compromisso de amor. A razão de ser do compromisso é construir um relacionamento feliz, até ao fim da sua vida, apesar dos custos. Para isso estão dispostas a abdicar da opção de dissolução, a fazer decisões em conjunto em vez de tomar decisões sozinhos, a pensar nas necessidades do outro antes de pensar nas suas, a resolver os conflitos mesmo que implique “problemas”. Fazem-no porque vêem nesse relacionamento muito mais do que a soma das partes. Fazem-no porque se amam. Fazem-no porque se querem amar.

Nós geralmente não pensamos na possibilidade de vivermos sozinhos, especialmente quando estamos casados. Contudo, sabemos que ninguém nasceu para viver eternamente e, certamente, um dia, um dos cônjuges partirá e o outro passará a viver um estado de vida, que chegará de repente, sem ao menos lhe dar opção de escolha: A viuvez.
Algumas pessoas, após o convívio com o cônjuge partilhando alegrias, dificuldades e desafios, vivendo os mesmos objetivos – nos dão a impressão de que o tempo de vida comum a dois as fez viver quase que como “siamesas”. Essas pessoas não conseguem se imaginar sozinhas. Embora, tendo ainda filhos por perto, o viúvo nem sempre conseguirá derrotar a solidão, a qual muitos não desejam ter como parceira de vida. Outras pessoas levam anos para se decidir a viver um novo amor, outras, meses e algumas preferem, por opção, continuar vivendo seu estado de viuvez.

Cada pessoa é única em si e com cada uma delas com as quais convivemos temos experiências próprias e únicas. Dessa maneira, acredito que a experiência com uma nova pessoa somente para curar as dores da perda, utilizá-la como “curativo” para o coração “partido”, ou fazer do namoro uma sessão de terapia, não será a solução perfeita. Pois qual namorado suportaria ouvir a namorada falar por horas a fio sobre o ex-namorado?

A vivência do namoro oferece aos jovens, adultos e viúvos a oportunidade de viver a chance de abrir o coração para um novo amor, mesmo que já tenham vivido parte da vida casados com uma outra pessoa.
Ter a certeza e o conhecimento de que se deseja viver um novo namoro com alguém que poderá se tornar seu cônjuge no futuro, imagino ser objeto principal na tomada de decisão. Assim, o viúvo apaixonado, tal como os filhos, não devem ver o namorado (a) como uma “estepe” que veio substituir o lugar da falecida (o), mas uma nova pessoa, com a qual, juntos, poderão construir uma nova vida conjugal e familiar.

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